14.10.10

Aham, Cláudia, senta lá...

Ok, antes de mais nada, alguns avisos que devem ser considerados: esta postagem não contém nada referente às matérias que você possa ter perdido fora da sala de aula. Esta postagem pode conter linguagem pesada em determinados momentos. Você pode passar a me odiar depois de ler tudo. Se eu não disser o que quero dizer, talvez isso fique pra sempre guardado em mim em forma de rancor - logo, nada melhor do que vomitar tudo e exercer meu direito à liberdade de expressão. Se você tem algo melhor para fazer, esqueça este post. Ignore-o e feche a página. Ou o leia e me detone nos comentários, seja veterano, calouro ou o que for - você também tem direito de se expressar, não é mesmo?





É sobre a marca do curso. Sim, este post é dedicado inteiramente a ela, que causou tanto alvoroço nas últimas semanas, desde o instante em que ela foi apresentada ao público. A enquete aí do lado já se encerrou e só sinaliza o que a maioria esmagadora dos acadêmicos já pensava da bendita cadeira.


Qual o problema com ela? Por que diabos eu tô pegando no pé dela, coitadinha? Porra! Sabe quando você é pequeno e seus pais lhe obrigam a vestir uma roupa brega e cafona para ir a um determinado evento? Você adoraria vestir uma roupa que realmente representasse quem realmente você é e o seu estado de espírito e tal, mas, bom... olha aí seus pais impondo algo que não bate com a sua personalidade. Eu passei por isso e sei bem como é (tenho trauma de camiseta polo - me fazia parecer mais careta, mais nerd e mais certinho do que o recomendado pela OMS).


Esse mesmo sentimento de inconformismo ressurgiu com essa marca do curso. Pensa bem: quando houver um evento por aí, Brasil afora, os outros designers fodões da vida vão olhar pra nossa marca e... VIXE! Tenho medo só de pensar na merda. Sim, essa cadeira acaba estereotipando nosso curso. Como se a gente vivesse de produto, respirasse produto, sem nenhuma brecha para as outras vertentes do design (ou como se elas fossem secundárias). A própria cadeira acaba se isolando nessa bola vermelha! São interpretações minhas, sim, mas leigos correm o risco de pensar coisas erradas sobre o nosso curso ao virem o símbolo. Ei, você que quer fazer design aqui em Mato Grosso do Sul. O curso oferecido na UCDB contempla Design Gráfico e Design de Produto. Não se preocupe. Não se deixe enganar pela cadeirinha, beleza?



A aprovação dessa marca é uma dessas coisas que te faz perguntar por que o mundo está do jeito que está. É como se cometessem um crime na avenida principal ao meio-dia, o ladrão sai impune, ninguém fica chocado com nada e tá tudo bem, sim, senhor, "continue andando". Se houve um erro de planejamento para definir a marca do curso? Na minha opinião, sim. Se rolou stress, é porque houve falha de planejamento. E na tentativa de remendar o erro, fez-se tudo na pressa. Não houve estudo, muito menos um momento para debater sobre a criação com todos os acadêmicos. Ironicamente, isso só foi acontecer no dia da 'votação', o último dia para se apresentar alternativas à marca da cadeira. Apesar da quase unânime reprovação, sabe-se lá como ficou essa mesmo. E fim.



Isso tudo me faz lembrar da época em que foi divulgada a marca da Copa de 2014. Todo mundo falando que era falsa, fanmade e tal, até que se soube que a criação tinha sido da Agência África. E foi escolhida por personalidades com um gosto questionável, eu diria, tipo Ivete Sangalo. Não vou dizer que a culpa toda é dela, mas, PUTAMERDA, podia ter rolado uma votaçãozinha aberta com o público ou com um comitê melhor, sei lá, meu. Não adiantou ficar indignado porque foi essa a escolhida e assim será para todo o sempre.

Casos como estes nem sempre têm finais tristes e amargos. Veja, por exemplo, a GAP que, após divulgar o novo logo, teve a decência de respeitar a opinião pública. Acabaram reconhecendo a importância da marca antiga e voltaram a utilizá-la. Palmas pra GAP. De bônus, aproximaram-se mais ainda do seu público.


Voltando ao caso da nossa marca, faltou um briefing. Faltou um direcionamento. No dia da votação, percebeu-se que uns queriam viajar na maionese e pegar inspiração lá do caralho e fazer uma marca com tiradas que só se sacariam entre os designers, enquanto outros tentavam criar um símbolo para leigos. Uma outra parte queria que a marca fosse vendável, amigável, conversasse com o público que se pretendia atingir (os nossos futuros novos calouros). Ao mesmo tempo, muitas dessas pessoas estavam tentando sintetizar "o que é design". Com tantas formas de pensamento, ficou impossível adotar até mesmo um critério de avaliação sequer.

Agora vou dar a cara à tapa mais uma vez. Eu criei uma marca. Depois de toda essa turbulência. Uma semana depois, pra ser exato. Aqui estou, vou postar a defesa dela e tal, mas não vejo a menor esperança de uma mudança de última hora, até porque já se definiu que a marca será a da cadeirinha, por mais que haja uma reprovação quase unânime. Ninguém nunca vai agradar a todos, FATO. Mas se você consegue fazer com que 90% das pessoas torçam o nariz pro seu trabalho, tá na hora de reavaliar a merda que se fez.

Dentre as linhas de raciocínio mencionadas acima, adotei a seguinte: eu quero vender esse curso, quero que ele chegue de frente pra molecada do terceirão e diga "ei, vá pra UCDB e faça Design!!" e quero que ele represente o design sem frescuras ou complicações. Eu quero ver esse curso bombar no Estado, quero que o design do Pantanal atinja os quatro cantos do país e que ganhe renome internacional. Posso ter tomado umas e viajado na batatinha, mas eu tenho esse direito de querer ver a nossa galera ganhando prestígio. Se o trabalho de designers lá dos confins do Sri Lanka chega até nós, por que não podemos exportar nosso material também, porra?!


Então, como eu ia dizendo, criei uma marca. E procurei também sintetizar nela o que seria o tal do design. Cara, ninguém pensou em lápis, apenas um lápis e nada mais?! (tá, o Jeferson tinha pensado em algo assim) Chega a ser um clichê tremendo, batido e tal, mas, ei, design é lápis!

Eu explico: design gráfico, design de produto, design de interiores, design de moda, design de outras porra aê... pensa bem, isso tudo pode muito bem sair da ponta de um lápis comum. Você pode ser fodinha em trocentos softwares e linguagens e tal, mas se você não tem habilidade pra segurar num lápis e descarregar todas as suas ideias através dele, você não é a porra de um designer. Desculpa aí se ofendi alguém, mas, meu... se você não consegue ao menos esboçar um layout, uma cadeira, um vestido, um automóvel ou uma porra qualquer numa folha branca com um 2B, você não nasceu pro dizáine, meu.

Esqueça que existem lapiseiras. O lápis é a essência. Se 2012 chegar, a tempestade solar atingir todas as coisas elétricas da Terra e você tiver que apresentar suas ideias pro seu cliente, você vai ter que pegar na porra do lápis. E é por meio desse canal, desse circuito entre sua mente e a folha de papel que a mágica se fará.


"Ah, mas arquiteto também usa lápis!" 

FODA-SE! Eles precisam de softwares, de precisão, de computadores, de réguas, compassos, esquadros... o lápis não passa de um ser coadjuvante. Já o designer tem essa liberdade de fazer a porra do risco como bem entender e só depois ajustar isso no computador por meio dos programas. Entendeu por que o lápis é mais importante pra gente do que, sei lá... pro arquiteto (que tá mais preocupado com o AutoCAD do que com a ponta bem afiada do lápis)?


Chega disso. Desabafei o que tinha que desabafar. Aí tá a minha ideia. Ainda há muita coisa para eu falar sobre os significados dessa marca e o que tentei sinalizar com ela (como o lance do olho-visão-luneta-repertório-observação e tal), mas deixa pra lá... Nenhum esforço mais vale a pena, será algo como soprar contra o vento. Se leu tudo, dá uma comentada aí, fazendo favor. :D

P.S.: A 'Cláudia' do título não é ninguém que conhecemos, não. É só essa coitada aqui.

15 comentários:

  1. Philipi Seterval Tinelo14 de outubro de 2010 às 12:34

    Jamal, quando você falou a sua idéia inicial (fazer uns traços que saissem do lápis, e que cada traço representasse um segmento do design, e blá, blá, blá) eu pensei: "Meoul Deus!!! Essa logo vai fica muito coplexa!". XD

    Gostei muito mais dessa que você fez (pelo menos em relação ao que eu estava imaginando [Medo x_x])ficou muito mais simples e direta.

    E assino embaixo[2]: Philipi Seterval Tinelo

    E fuck os arquitétos!!!-n falonacaramesmo!!! XD

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  2. Gente, eu não tenho nada contra os arquitetos. Que fique bem claro isso! D:

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  3. AEE regaçooo jamal :D
    assinando embaixo também - Debora de Souza

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  4. Digo que não me manifesto, pois sou uma pobre academica do quarto semestre e minha opinião não cona, sou café com leite, lembra?

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  5. Então somos dois, Rafa, porque não é só a sua opinião que não conta. /sadbuttrue

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  6. Porra jamalson... sem comparação com a nossa heim... mt mais foda.. gostei do simbolo da tipografia... fico mt massa parabens... só me encomodei um pouco com a cor... talvez uma cor menos opaca... mas tbm gostei sim... preucupa com esse negocio da cor nao... eh como td mundo diz nao tem como agradar td mundo 100%... essa logo me agradou mt... parabens msm jamal!

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  7. Pô, valeu mesmo, Túlio! :D
    Fiquei muito hesitante na hora de escolher as cores, porque várias tinham dado certo e tal. Coloquei esse esquema de cores só a efeito de amostra mesmo (essa é a marca que já nasceu morta, coitada). x)
    Valeu mesmo pelas observações, cara!

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  8. "Ninguém nunca vai agradar a todos, FATO. Mas se você consegue fazer com que 90% das pessoas torçam o nariz pro seu trabalho, tá na hora de reavaliar a merda que se fez." Pura verdade. No entanto, é difícil quando se tem o ego maior que o universo. D:
    A favor da marca do Jamal o/.
    Poderíamos adotá-la como marca da nossa turma e futuramente do curso - podemos discutir em sala depois sobre cor, essas coisas, caso alguém não concorde. Mas a ideia do lápis e a composição ficaram mto boas:D Parabéns!

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  9. Muito obrigado mesmo, Vivi! Fico feliz que tenha curtido! ;D

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  10. Gostei do Post e da marca. É fato que teremos que engolir a marca do curso, porém podemos criar a logo da nossa turma Design UCDB 2011, ou será 2012?
    Aí, com democracia, escolher a marca da turma (como o professor ADO fez). Podemos confeccionar camisetas e passar a usá-las em aula ou no shopping. (poderiam ser de várias cores, uma para cada dia da semana, hauhauhau).

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  11. Jamal vc é o cara!!!
    primeiro pq todo o seu comentario representou a opinião da maioria da galera da nossa sala!
    segundo pq tua marca teve uma defesa com coerência e realmente passa um pouco da alma do nosso curso, mesmo que alguns interpretem o lápis sendo um esteriótipo pra Design, foi uma forma minimalista para unir todos os seguimentos do design. Curti mesmo!
    E na minha humildade e descartável opinião (qdo se trata da marca aprovada ¬¬) Sua marca está mais funcional e adequada pra nos representar!!
    Não to querendo pegar no pé de ninguem mas porra, a marca da cadeira não tem 100% de aprovação mas tb não tem 80%, nem 60%, nem 40%....po deve ter alguma coisa errada então!!!!ou será q os academicos de design da ucdb q não são capazes de entender a maravilha q é essa marca aprovada?
    Bom, prefiro acreditar que não somos tão ignorantes se tratando de design e nosso senso critico tem lá suas razões!
    Agora nos resta apenas nos afogarmos nesse oceano de inconformismo e afundar feliz e abraçado com a cadeirinha!!!!XO FIM

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  12. Muitíssimo obrigado pela opinião de vocês, Jeferson e Paulo. Espero ter manifestado um pouco daquilo que todo mundo da sala (ou pelo menos a maioria) estava sentindo em relação a tudo isso. E é isso aí, Paulo! No estereótipo por estereótipo, dá-se preferência àquele que não delimita tanto as possibilidades do curso de Design. Ótimo ponto! :)
    Com uma cadeira, não dá pra ir muito longe. Talvez dê pra sentar nela no meio do caminho, mas ainda não vai muito longe. rs

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  13. Ou a cadeira pode servir para as pessoas sentarem enquanto nós explicamos a elas q o curso de Design não forma marceneiros e explicar o q fazemos no curso....EUREKA! agora a marca está fazendo sentido...XD

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